A Reinvenção da Folha Vegetal II

Longe de ser um sonho fantástico, essa tecnologia vem progredindo espasmodicamente desde as pressões do ex-presidente Jimmy Carter por fontes de energia alternativas durante a crise do petróleo, na década de 70. Agora, diante da ameaça de um novo período energético e climático crítico, o combustível solar subitamente se tornou alvo de atenção. Stenbjörn Styring, da Universidade de Uppsala, na Suécia, que pesquisa o desenvolvimento de sistemas artificiais que imitam a fotossíntese, assegura que o número de consórcios dedicados a esse desafio passou de apenas dois, em 2001, para 29 atualmente. “São tantos que talvez não estejamos contando corretamente”, duvida.

Em julho, o Departamento de Energia dos Estados Unidos (DOE, na sigla em inglês) liberou US$ 122 milhões, para um período de cinco anos, a uma equipe de cientistas de vários laboratórios, liderada por Lewis, para desenvolver tecnologia de combustível solar, uma das três novas prioridades de pesquisa energética desse órgão. Combustíveis solares “resolveriam os dois maiores problemas americanos: segurança energética e emissões de carbono”, avalia Steven E. Koonin, subsecretário de ciência do DOE. Ele acredita que as estratégias Sol-combustível enfrentarão obstáculos “formidáveis”, mas admite que a tecnologia merece investimentos, porque “a recompensa é suficientemente grande”.

Na fotossíntese, as folhas verdes utilizam energia solar para organizar as ligações químicas de água e dióxido de carbono, e produzir e armazenar combustível em forma de açúcares. “Queremos criar algo que seja o mais parecido possível a uma folha”, relata Lewis, referindo- se a dispositivos com funcionamento igualmente simples, mas que produzam uma substância química diferente. A folha artificial que Lewis está projetando exige dois elementos principais: um coletor para converter energia solar (fótons) em energia elétrica (elétrons) e um eletrolisador que utiliza a energia de elétrons para dissociar a água em moléculas de oxigênio e hidrogênio. Um catalisador – substância química ou metal – é acrescentado para ajudar a divisão molecular. Células fotovoltaicas, que já criam energia elétrica a partir da luz solar e de eletrolisadores, são utilizadas em vários processos comerciais; portanto, o truque, aqui, é unir os dois em películas solares baratas e eficientes.

Protótipos volumosos foram desenvolvidos para demonstrar como essa união funcionaria. Engenheiros da montadora de carros japonesa Honda, por exemplo, construíram uma caixa mais alta que uma geladeira, coberta de células fotovoltaicas. Em seu interior, um eletrolisador utiliza a eletricidade solar para dissociar moléculas de água. A caixa então libera o oxigênio resultante no ar ambiente e comprime e armazena o hidrogênio restante, que a Honda gostaria de usar para recarregar carros equipados com células de combustível.

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